É possível unir privacidade e sucesso? Contrainteligência para os notáveis.

No século XXI todos são monitorados, porém apenas alguns são investigados. Com o advento da WEB 2.0 onde os próprios usuários passaram a produzir conteúdo quebrando o monopólio do jornalismo, ficou fácil produzir conhecimento sem precisar recorrer a ciberataque. Faça um teste digitando seu nome completo no Google entre aspas ("). Dependendo da sua vivência, você poderá acessar dados como CNPJ (que já revelaria uma série de informações sobre sua empresa e sócios), artigos, postagens nas mídias sociais e publicações em diário oficial. Antes do marco civil da internet e da LGPD (lei geral de proteção de dados), o leque de informações que era possível obter por meio de uma simples busca na WEB era ainda mais assustador.

Nesse cenário, comecei a prestar serviços de detetive particular de forma amadora por volta dos meus 19 anos. Naquela época, conseguíamos chegar ao nome completo, endereço, data de nascimento e até documentos de alguém por intermédio de placas de veículos ou números de celular. Com um pouco mais de esforço, conseguíamos garimpar elementos suficientes para acessar a conta de telefone detalhada do alvo, com ligações feitas e chamadas recebidas, bem como o tempo de duração de cada uma. Essa técnica era bastante utilizada em casos de pessoas desaparecidas. Indo mais além, através da deepweb e da darkweb, muitas vezes era possível ter acesso a vazamentos de senhas de e-mail e mídias sociais. Hoje entretanto, graças a WEB 3.0 marcada pela ascensão da IOT (internet das coisas), é viável monitorar e automatizar a obtenção de dados públicos e geração de insights em tempo real por meio da internet, precisando apenas de um pouco de conhecimento envolvendo APIs e linguagem de programação, sem precisar hackear nada. Inclusive, dados pessoais anonimizados estão sendo extraídos e processados neste exato momento, por exemplo, pelo e-commerce.

Por conseguinte, fica evidente como nos dias atuais, todos são monitorados, porém apenas alguns irão gerar o interesse necessário para serem investigados. Mas como saber se você é apenas monitorado ou também investigado? Simples: avaliando seu grau de relevância social. Se você for uma pessoa comum, ninguém irá se interessar em bisbilhotar seus dados públicos espalhados pela internet, tampouco fuçar suas mídias sociais, bem como a dos seus amigos e parentes visando achar algum "podre" comprometedor. Contudo, com pessoas notáveis, como políticos, empresários e influenciadores de destaque, isso passa a ser uma realidade constante, seja pela curiosidade de um fã ou má intenção de um hater, podendo se tornar uma crise sem precedentes considerando os avanços na área de inteligência artificial generativa através dos deepfakes de imagem e voz.

Sendo assim, como vimos anteriormente, hoje em dia a liberdade informacional é a regra, e a restrição, a exceção. Fica a dúvida: como se proteger se eu não tenho controle sobre tudo que pode surgir sobre mim na internet? Atente-se para estas dicas de Contrainteligência para pessoas realmente notáveis:

• Contrate especialistas e não abdique das políticas de segurança da informação e das comunicações, contendo medidas técnicas e organizacionais para proteção de dados, bem como contramedidas envolvendo varreduras ambientais em ocasiões inopinadas visando a detecção de dispositivos clandestinos. OBS: tudo deverá ser estabelecido após uma análise de riscos.

  
  

• Sabendo que não é possível controlar tudo que poderá ser acessado sobre você na internet, invista em gestão de crises de imagem antecipando por meio de processos de Inteligência, tudo que poderá ser usado contra você no futuro, como: relacionamentos anteriores; decisões judiciais; sociedades e parcerias comerciais com pessoas envolvidas em escândalos ou problemas com a justiça; parentes metidos com drogas, entre outros.

  
  

• Tenha uma assessoria jurídica sempre disponível caso seja necessário acionar alguém judicialmente em situações de calúnia e difamação.

Portanto, segurança é investimento e não pode atrapalhar suas atividades nem gerar custos excessivos, muito menos interromper a comunicação de pessoas notáveis que vivem da própria imagem. Para casos assim, é mais fácil assumir alguns riscos e preparar uma boa equipe visando gerenciar uma possível crise, incluindo profissionais de comunicação e direito para episódios de calúnia, difamação e demais crimes contra a honra.

Corra todos os riscos com a Segat!