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Checar a fonte basta? Entenda como os profissionais de Inteligência classificam dados.

  • bragaluis855
  • 15 de jul.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 20 de jul.

É muito comum associarmos a fonte com a qualidade dos dados, mas será que basta? Quem nunca foi repreendido por compartilhar uma informação na web antes de checar a fonte? Apesar de ser importante, ignorar o conteúdo divulgado em detrimento à natureza da fonte, também é um erro, pois mesmo uma fonte confiável não está isenta de desinformação, seja por motivos políticos ideológicos ou comprometimento com resultados específicos. Sendo assim, a técnica de avaliação de dados (TAD), veio como ferramenta para facilitar a verificação completa de um dado, tanto pela fonte quanto pelo conteúdo.


Mas o que são necessariamente os dados? Na ótica da gestão da informação, os dados são a matéria-prima que precede tudo, pois podemos afirmar que as informações são o resultado da interpretação dos dados e o conhecimento, o produto da análise das informações. Por Inteligência ou sabedoria, entendemos a capacidade de utilização do conhecimento. Em outras palavras, a primazia pela excelência dos dados é fundamental em qualquer processo decisório, considerando que eles ditam a acuidade dos conhecimentos produzidos.


Contudo, na ótica da doutrina de Inteligência, tudo que não passou por um processo de análise é considerado dado, independente do grau de processamento prévio. Isso inclui desde matérias jornalísticas e reportagens, até o parecer de um especialista ou cooperação de um informante. Dessa forma, deve-se esmiuçar tanto a fonte quanto o conteúdo divulgado por ela visando determinar o valor do dado para o processo de produção do conhecimento. A saber: fonte + conteúdo = dado.


Entenda cada etapa do TAD:


  • Avaliação da fonte por autenticidade: aqui avaliamos se a fonte teve acesso/aprendeu o dado ou se ela não se trata apenas de um canal de transmissão, que seria um intermediador entre a fonte e o pesquisador. Sendo comum quando o informante escuta a história da boca dos outros sem ter tido acesso real ao fato. Isso é importante pois podem haver ruídos de comunicação entre a fonte e o canal. Exemplo: fulano disse que ciclano bateu com o carro ontem.


  • Avaliação da fonte por confiança: aqui avaliamos quais são os interesses da fonte ao divulgar o conteúdo, como suas inclinações políticas, bem como sua honestidade; seus antecedentes criminais e comportamento social. Exemplo: fulano bateu de carro pois ciclano cortou os freios dele. Nesse caso será necessário avaliar se o informante não tem algum rancor de ciclano que poderia induzir o mesmo a prejudicar ele. Histórico de desonestidade também conta.


  • Avaliação da fonte por competência: aqui avaliamos a capacidade da fonte de aprender o dado ou sua localização para acessá-lo. Consideramos habilidades, grau de instrução, títulos e até a localização. Exemplo: fulano (que não é mecânico) diz que ciclano bateu de carro pois beltrano cortou os freios dele. Como fulano sabe que os freios foram cortados se não é mecânico tampouco foi na oficina ver o estado do veículo?


  • Avaliação do conteúdo por coerência: verificação interna do conteúdo objetivando identificar possíveis contradições, inconsistências cronológicas e desorganização.


  • Avaliação do conteúdo por compatibilidade: verificação externa do conteúdo visando identificar se ele é compatível com os elementos essenciais conhecidos, bem como tudo que já se sabe sobre o fato.


  • Avaliação do conteúdo por semelhança: aqui é necessário, novamente, olhar para fora, verificando se o conteúdo é semelhante, divulgado e confirmado por outras fontes.


No que tange a classificação das fontes, atribuímos a letra A (fonte idônea) para aquelas que atendem a todos os requisitos; a letra B (fonte normalmente idônea) para aquelas que deixaram de atender os requisitos poucas vezes; a letra C (fonte normalmente inidônea) para as que não atenderam os requisitos na maioria das vezes; a letra D (fonte inidônea) para as que não atenderam nenhum requisito e letra E (fonte não pode ser avaliada) para as que não puderam ser avaliadas, seja pela fonte ser desconhecia ou por falta de informações sobre a mesma. Em relação aos conteúdos, atribuímos o número 1 (verdadeiro) para aqueles coerentes, compatíveis e confirmados; o número 2 (provavelmente verdadeiro) para os coerentes, compatíveis mas não confirmados; o número 3 (duvidoso) para os coerentes, parcialmente compatíveis e não confirmados; o número 4 (improvável) para os coerentes, não compatíveis e não confirmados e o número 5 (a veracidade não pode ser avaliada) para os que não atenderam nenhum requisito.


Em suma, de acordo com a classificação geral da fonte e do conteúdo, podemos atribuir ao dado valores como A2, C1, B4, entre outros. Obviamente, dados com classificações muito baixas deverão ser descartados. Dessa forma, esse processo poderá parecer assustador no início, contudo com um pouco de prática ele irá se tornar um hábito e você será capaz de avaliar um dado sem a necessidade de tabelas. Pratique da próxima vez que for ler um jornal ou ouvir uma fofoca. Tente identificar as fontes, possíveis canais de transmissão e julgar o conteúdo compartilhado.

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